FEZ
Sendo um estúdio de duas pessoas, a Polytron pode fazer o que quiser. Desenvolver um único jogo por seis anos e criá-lo com total liberdade artística são dois privilégios de quem não deve satisfação a ninguém, a não ser às pessoas que esperavam algo realmente especial de Fez.
Um jogo profundo
O enredo de Fez foi contado uma vez por Carl Sagan. Ele fala de um ser bidimensional que vive em um mundo igualmente bidimensional até que uma criatura estranha surge e revela a ela algo que irá mudar sua vida: existem mais dimensões.
As três dimensões agora existem para Gomez, mas a física e todos os objetos daquele mundo ainda obedecem às leis da bidimensionalidade. Como alguém que tira uma foto segurando a torre de Pisa, no limite de um cenário 2D vale sobrepor objetos distantes e ignorar a profundidade. Então uma escada posicionada a metros de distância de outra, e mais ao alto, pode se tornar uma escada maior, desde que as duas estejam alinhadas em um plano. Da mesma forma, um baú pode parecer logo na sua frente por um ângulo, mas na verdade estar a vários metros de distância quando se gira a tela de lado.
A jogabilidade de Fez envolve a capacidade de girar o cenário em 90 graus ao toque de um botão e então ver o que está por trás daquela imagem 2D. Portas secretas, novas plataformas e principalmente os fragmentos do cubo misterioso podem estar escondidos por trás de um cenário, em lugares que as criaturas bidimensionais sequer podem imaginar. A missão de Gomez é viajar pelo mundo explorando cada cenário em seus 360 graus, em busca dos fragmentos do cubo.
Recuperar os cubos é geralmente uma questão de vasculhar bem os cenários, procurando por alguma coisa diferente em cada ângulo. Mas o acesso a certas plataformas requer decifrar alguns puzzles bem bolados e quase sempre intuitivos, como segurar uma alavanca e, ao invés de girar o cenário inteiro, rodar apenas a plataforma onde se está.
Mesmo quando mais confusa do que o necessário, a exploração do mundo de Fez é uma oportunidade para observar lindos visuais pixelados, cenários ricos em pequenos detalhes, ciclos de dia, tarde e noite, chuva, tesouros escondidos e enigmas para os jogadores mais curiosos, como salas onde a parede exibe um QR Code (quem tem um smartphone capaz de escaneá-los terá uma surpresa a mais) e até um alfabeto alienígena a ser decifrado. O visual é acompanhado de uma excelente trilha sonora incidental, composta em parte por instrumentos remanescentes de um videogame de 16 bits. by : V.Zanetti
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